terça-feira, junho 19, 2007

Foi.........

Para ouvir: Tokio Hotel "Guizz"
Não te quero mais!!!
O toque das tuas mão e a tua voz já não me causam arrepios, é uma irónia que me encham de náuseas e me afoguem o estômago em água, pela raiva que me dá o que nunca fizeste por nós! Lembro-me de nós num desses dias ventosos que afrontavam o verão que devia brilhar em pleno... lembro-me da tua voz no meu ouvido "Vou fazer tudo para que fiques sempre comigo" Achei de uma enorme ternura a forma como me abraçavas e me protegias do vento frio enquanto me aquecias com essa promessa. Mas foi também o vento frio que a levou, levou para outras bocas, para que outras vozes a fizessem sentida.
Não te quero mais!!!
Fizeste tuas todas as razões, guardaste para ti todos os argumentos como se eles fossem preciosos demais para partilhar. Sentaste-te num altar que a teus olhos era demasiado alto para eu alcançar. Tudo esmoreceu em ti... o teu sorriso já não tem o encanto do menino que eu agarrei para mim, a tua pele parece agora que fere a minha quando me toca, como se tivesse espinhos. O teu olhar esta perdido, já não se fixa em nós, já não me olha... atravessa-me!
Não te quero mais!!!


To: Joana (porque te percebo muito bem)

sexta-feira, maio 11, 2007

Acordar...

Para ouvir: Imogen Heap "Hide and Seek"

O despertador estalou ruidoso no meu sonho, roubou-me ás horas de sono que o meu corpo ainda pedia. Deslizei para o frio fora da cama, sentia o corpo ceder ao calor que me puxava para trás, a custo mantinha os olhos abertos "Não me lembro a que horas me deitei" Peguei no relógio que deixei esquecido em cima da cama, olhei para o vidro por cima dos ponteiros, tinha o olhar absorto no reflexo de luz que vibrava nele e não conseguia focar os ponteiros; nem me esforçava por isso! Rodei os olhos nas órbitas, senti uma vertigem enjoada e o peso dos meus ombros foi mais forte que a minha determinação e cai com força no colchão ainda quente de mim. O impacto no meu cérebro foi o das memórias, não foi forte nem fatal, mas teve a dor de me lembrar de tudo! Senti a garganta apertar, os ouvidos dilatavam e uma grossa gota de sal quente pedia para passar pelas minhas pálpebras caidas pelo cansaço. Uma hora depois estava sentada na secretária, não estava pronta para um dia de trabalho, mas pelo menos estava lá. Tinha chegado cedo demais, não me lembrava de fazer o caminho até ao escritório, fez-me recordar quando era uma menina nas viagens de férias grandes; a meio do percurso, vencida pelo tédio do caminho feito em estradas nacionais, adormecia. Quando acordava estava num cenário completamente diferente, onde o vento era mais fresco e cheirava a sal! Nunca sofri do "saudosismo português", nunca desejei voltar atrás no tempo, mas naquele momento desejei ver as coisas como a menina que ficava sem ar quando abria os olhos e via o oceano azul e disponível para mim.

domingo, abril 15, 2007

Tua

Para ouvir: Beady Belle "When My anger starts to cry"

Não sei dizer o dia exacto em que o sorriso dele foi diferente, já tinha visto tantos sorrisos dele!! Mas aquele deixou marcas, nunca tinha visto desenhado no seu rosto uma expressão tão única, foi esse sorriso que senti que era só meu! Foram tantos os sorriso que depois desse me deu! "És o que de mais perfeito tenho na vida" Foi tão inesperado ouvir isso dele, respirei fundo até me sentir cheia do seu perfume, como se fosse o perfume das suas palavras que me enchia o peito, fechei os olhos como se fossem empurrados pelo peso do cansanço, para que no negro dos meus pensamentos pudesse gravar com letras luminosas o que tinha acabado de me dizer.
"És única pessoa no mundo capaz de me achar perfeita", disse com uma voz calma para disfarçar a reação forte que tudo aquilo estava a provocar em mim. Ele sorriu um pouco embaraçado pela aparente leveza com que eu estava a levar a conversa "Tudo é um motivo para te rires" Eu sei que ele não se queria mostrar incomodado pela minha distância, mas estava com um sabor insulso na boca e desviou os olhos dele dos meus, deixou cair o olhar no chão e o sorriso apagou-se do rosto. Agarrei-lhe a mão com a força do que não lhe conseguia dizer, vi a pele ficar sem cor e depois encher-se do vermelho estancado do sangue que eu não deixava correr. Em silêncio disse-lhe "Por favor não me esqueças... mesmo que o tempo desgaste a tua memória cheia de momentos pingados de perfeito, por favor não me esqueças!" Sei que ele percebeu, mesmo sem as palavras, tudo o que lhe quis dizer. Reconheci-lhe uma expressão de alívio e conforto, senti também o quente dos braços dele á volta do meu corpo numa promessa muda de que sempre assim seria! Senti-me segura, e embalada pelas certezas que todos os sorrisos me davam disse-lhe num fio de voz comovido: "Fica comigo"


To: ..........Tu..........

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Dolente...indolente

Para Ouvir: The Gift "Fácil de Entender"

-Acreditas mesmo que me desiludiste? Achas que te dei esse poder?... Ele olhava-me com uma expressão nervosa, os olhos rodavam nas pálpebras, fixavam o meu rosto, os seus pés e frequentemente limpavam o chão. Rodava os polegares um no outro, como se esperasse que assim o tempo passasse mais depressa. Eu estava de pé e olhava pra ele, que sentado numa cadeira a poucos centimetros de mim, parecia uma criança que estava encolhida pela voz mais alta de uma reprimenda por um qualquer vidro partido. Olhado de cima parecia agora tão pequeno, tão pouco interessante. Quando ouvi a voz dele tentar passar a garganta em golpadas débeis e hesitantes quis abraça-lo, quis dizer-lhe que o odiava, quis sentir o calor dos lábios dele acalmar-me a raiva que a paixão por ele me traziam. Mas não me movi um milímetro. Quando finalmente ele falou: - Deixa-me em paz, não me tortures... o que é que tu queres? Que eu seja o espelho do homem que amas há anos? Que seja capaz de te fazer vibrar como sei que vibras sempre que o nome dele aparece brilhante no ecrã do telefone? Que seja capaz de te fazer ficar em pontas quando te falo ao ouvido? Que seja capaz de arrepiar cada poro da tua pele quando respiro no teu pescoço? Que te faça sorrir enternecida e que te faça perder a voz de tanto rir? E julgas que eu não queria isso também??? A voz dele subia rápidamente de tom, falava agora com muita segurança, estava já de pé e por várias vezes teve o impulso de me agarrar no braço... mas nunca o fez. Assim de pé ganhava outra forma, parecia um Zeus ferido no orgulho e eu não conseguia perceber se estava assustada ou simplesmente surpreendida com aquela metamorfose. Nunca o tinha ouvido falar tão alto, nunca tinha fechado os olhos e estremecido quando me dirigia uma frase. E continuou: - Achas que gosto de me deitar todas as noites ao teu lado e saber que quando te abraço é outro nome que em pensamento chamas, e que fechas os olhos e finges que é com ele que estás? Achas que gosto de ver os olhares desdenhosos que me lanças quando faço alguma coisa como ele nunca faria? Achas que gosto de ser sempre, sempre comparado? A voz dele era agora um grito monocórdico, eu tinha os lábios entreabertos de surpresa e estava agora mais perto da porta. Numa golfada de medo gritei-lhe mais alto: -Achas que eu não sou castigada o suficiente por não ser com ele que me deito? Achas que não é castigo suficiente ser o teu rosto que vejo todos os dias de manhã? Se te doi a ti a comparação, imagina como não me doi mais a mim ver que o homem que está ao meu lado é sempre o perdedor. Não sei porque disse aquilo, não sei o que me fez ser deliberadamente dura com ele, e não sei porque mas senti um alivio enorme assim que disse tudo aquilo. Ele olhou-me incrédulo! Em seguida senti no rosto uma descarga quente e áspera... -Acredita que isto doeu menos do que tinha para te dizer. Eu não ripostei...nem argumentei! Apertei o casaco e dirigi-me com passos pequenos e lentos até á porta. O meu cabelo descia pelos ombros e parecia querer acariciar a minha face mazelada. Enquanto esperava pelo elevador senti uma pressão na garganta... foi tão errado o que lhe disse! ... no dia seguinte, ele entrou no elevador... Encontrou escrito no vidro: "Quando fecho os olhos é o teu nome que em pensamentos chamo" Ele sorriu!